sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

5 Minutos - personagens

Se pudesse trazer para o mundo real um personagem de algum livro, quem seria? Explique quem é esse personagem e porque a sua escolha.





Fique a vontade para usar o selo do exercício:


5 minutos de gambiarra

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

5 Minutos - lembrança

Existe alguma memória de infância que a época de fim de ano trás para você, relacionada às festas ou às férias? Escreva essa memória.





Fique a vontade para usar o selo do exercício:


5 minutos de gambiarra

sábado, 17 de dezembro de 2011

A arte e o ofício de escrever pela sensibilidade do autor

http://www.vivaviver.com.br/boa_leitura/a_arte_e_o_oficio_de_escrever_pela_sensibilidade_do_autor/980/



Escrever não é tão-somente uma bela arte especial, mas igualmente sensibilidade e viagem à doce e terna aventura de criar, de desbravar, de ser o primeiro a expor premissas nunca antes reveladas no papel ou no universo virtual. O escritor se esmera em tentar produzir o que de melhor o seu coração expressa, aparando arestas, retirando senões e esculpindo seu trabalho com a precisão de um mestre até formatar por completo a sua obra.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

5 Minutos - lar doce lar...

O que você mais gosta na sua casa? Escreva a respeito.










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5 minutos de gambiarra

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

5 Minutos - O Navio

Se precisasse dar nome a um navio, qual seria o nome escolhido? Justifique.

Sobrou tempo? Pense em que nomes daria para canoas, barcaças, transatlânticos... diversos tipos de embarcações.








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5 minutos de gambiarra

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Exercício de criação 37

Hoje a proposta é fazermos um jogo surrealista. Os surrealistas desenvolveram vários jogos para criar. E não podemos negar a formação surrealista desta que vos escreve hoje, então estava demorando para eu propor um cadáver delicado.

Cadavre exquis, "cadáver delicado" é um nome retirado de um dos resultados obtidos no jogo lá na sua origem, entre os loucos maravilhosos que fundaram o movimento surrealista - "o cadáver delicado beberá do vinho novo".

Como funciona?

Junte alguns parceiros. A primeira pessoa escreve um verso e dobra o papel, escondendo o que escreveu. A próxima pessoa escreverá um próximo verso, sem ver o que vinha antes, dobra e passa para a seguinte. O resultado muitas vezes é, digamos,profético.

A outra opção é para ser feita em 5 pessoas, em que todos juntos formem uma única frase (como no exemplo que deu nome ao jogo). A primeira pessoa escreve um substantivo, a segunda um adjetivo, a terceira um verbo, a quarta um substantivo e a quinta um adjetivo.



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Gambiarra Literária

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

5 Minutos - Mural Mental

Imagine que você é muito bom com pintura e é capaz de pintar o que você quiser com a técnica que quiser. O que você pintaria nas paredes do seu quarto? Descreva em detalhes.






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5 minutos de gambiarra

terça-feira, 29 de novembro de 2011

conselhos “essenciais” de Jack Kerouac

 
 
Técnica para Prosa Moderna, uma lista de conselhos “essenciais” de Jack Kerouac. Em tradução livre (de Amália Pimentel), seguem alguns deles:

Rabisque anotações secretas e páginas datilografadas com selvageria, para sua própria diversão.

Esteja disposto a tudo, aberto, prestando atenção.
Seja apaixonado pela própria vida.

Escreva o que você profundamente desejar, do mais profundo de sua mente.

Remova inibições literárias, gramaticais e sintáticas.
Como Proust, seja um viciado no tempo.

Escreva em homenagem e admiração por si mesmo.

Aceite suas perdas.

Acredite na linha sagrada da vida .

Não tenha medo ou vergonha da dignidade da sua experiência, sua língua e seu conhecimento.

Redija de forma selvagem, indisciplinada, pura, que venha de dentro, quanto mais louca melhor.

Também daqui: http://visoesdejackkerouac.blogspot.com/

literatura.uol.com.br/literatura/figuras-linguagem/36/artigo218919-1.asp

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

5 Minutos - Receita

Escreva um receita que você sabe de cabeça, com o máximo de detalhes. Pode ser até ovo cozido, café com leite ou sanduíche de presunto, simples ou complexo, é com você.






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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Exercício de criação 36

Faça um poema usando 26 palavras - cada palavra começando por uma letra do alfabeto. Elas não precisam estar em ordem.

colher de chá - conectivos não contam.




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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Exercício de criação 35

O tema hoje é ponto de vista.

Escreva uma cena curta, usando um narrador onipresente.

Depois, escolha dois personagens presentes na cena e faça a versão de cada um da mesma cena. Lembre-se que existem coisas que um narrador onipresente sabe que um personagem não saberia (como os pensamentos e sentimentos dos outros presentes).






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Gambiarra Literária

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

5 minutos - Significados

Abra um dicionário. Encontre uma palavra que não conhece. Invente um significado para ela, quanto mais absurdo melhor.

opção - use a palavra do dia do dicionário online Priberam



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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

citação da semana


Coisas não precisam ter acontecido para serem verdade. Fábulas e aventuras são as verdades-sombra que vão permanecer quando os meros fatos forem pó e cinzas esquecidos. 


Neil Gaiman

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Exercício de criação 34

Este exercício foi retirado de um site com exercício de escrita poética, mas infelizmente eu perdi a referência de origem.

Tradução homolinguística

Escolha um poema seu ou de outra pessoa e "traduza" o poema de português para português, substituindo palavra por palavra, verso por verso, ou ainda faça uma "tradução livre", ou ainda para gírias ou outra forma de linguagem, dentro da própria língua portuguesa.



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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

5 Minutos - O que vai beber?

Descreva sua bebida não alcoólica preferida. Escreva aparência, cor, cheiro e gosto.






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5 minutos de gambiarra

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

citação da semana

Um poeta é, antes de mais nada, uma pessoa apaixonadamente enamorada pela linguagem.

W. H. Auden

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Exercício de criação 33

Escreva um diálogo em que duas pessoas estão discutindo alguma coisa bem cotidiana -que filme vão assistir, que time vai vencer uma disputa, o que acharam da roupa de alguém, etc.- mas subjacente a discussão cotidiana, existe um conflito sério entre eles. Mostre através do diálogo o que está abaixo da superfície.



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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

5 minutos - Com quem?

Se você pudesse passar a tarde com qualquer pessoa famosa, de qualquer campo de atuação, viva ou morta, quem seria sua escolha? Sobre o que conversariam?




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5 minutos de gambiarra

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

citação da semana

Todas as grandes novelas, os grandes filmes, todos os grandes dramas são ficções que nos falam a verdade sobre nós ou sobre a natureza humana ou sobre situações humanas, sem estar presas à minuta de eventos documentais. De outra forma, estaríamos apenas fazendo documentários.

Jeremy Northam

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

5 Minutos - Apresentação

Cinco minutos roubados do seu tempo cotidiano. Cinco minutos enquanto está no trem ou no ônibus, esperando em uma fila, cinco minutos que você vai largar tudo e sentar diante da sua ferramenta de escrita favorita.

A cada sexta feira, um breve exercício, uma "deixa" para sua escrita. Que você pode fazer em 5 minutos.

O tom dos exercícios será mais memorialista em alguns momentos. Aqui, mais do que tecnicidades e desenvolvimento de uma visão mais completa da sua produção literária, o que vale é criar uma rotina de escrita.

Mesmo que seja apenas 5 minutos por semana.

Você pode usar estes exercícios como base para desenvolver coisas mais completas. Pode deixar como uma graça semanal no seu blog pessoal. Pode postar em alguma mídia social suas respostas. Aproveite como quiser. São só 5 minutos...


Toda sexta feira no Gambiarra Literária... a partir desta sexta.

Exercício de criação 32

Imagine-se em uma sala de espera, seja do que for. As pessoas estão sentadas em cadeiras junto às paredes. Descreva várias delas focando apenas nos seus pés. Que tipo de sapatos usam, estado de limpeza ou condição, pés e sandálias, como se mexem ou ficam parados. O que você pode dizer dessas pessoas a partir de seus pés?


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Gambiarra Literária

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Como se Preparar Para Escrever Um Livro?

Fonte: http://www.baudovalentim.net/2011/10/como-se-preparar-para-escrever-um-livro.html


Por Fábio Valentim | 14 de outubro de 2011 


Antes de começar a escrever um livro, é importante seguir as etapas.
Deve ser muito comum as pessoas pedindo dicas sobre como escrever um livro, como desenvolver uma boa história, mas esquecem do item fundamental: a preparação. Escrever, editar e publicar um livro é uma viagem bem longa, que exige uma boa preparação e perseverança. De uma concepção da ideia, até o produto final estar nas prateleiras das livrarias, existe um espaço de meses e até anos, para que isso ocorra com sucesso. Aqui vão as minhas dicas de como se preparar para escrever um bom livro:
  • Pesquise Sobre Possíveis Elementos Relacionados ao Enredo: Se por acaso resolver escrever um livro que fale da Caverna do Diabo, por exemplo, que faça pesquisa e estude com afinco, sobre a Caverna do Diabo. Procure também pesquisar e roteirizar sobre os cenários em que a história pode passar, por exemplo. Se pretende escrever sobre um romance proibido, que se passa em Curitiba, que faça um belo estudo sobre a cidade, mesmo que você more em Curitiba. A pesquisa é sim muito importante para evitar contradições, pois mesmo que você nunca tenha ido a Caverna do Diabo ou só vai a Curitiba nas férias de verão, há pessoas que poderão ter objeções sobre os fatos apresentados no livro. A pesquisa, quando é bem feita e bem fundamentada, te dará segurança sobre em responder sobre as diferenças suspeitas ou apresentadas sobre o que está escrevendo.

  • Anote e Esboce o Enredo: É importante fazer um esboço sobre o enredo, pois será como uma trilha a ser seguida, durante o desenvolvimento do livro. Isso te dará uma clara noção de como será o enredo e te impedirá de cometer os furos e sair do tema que fora proposto pela ideia. Não faça unicamente uma vez, faça várias vezes o esboço do enredo até o mesmo ficar satisfatório. Esboçar enredo é escrever tópicos sequenciais bem resumidos, sobre o que vai acontecer no decorrer da história.

  • Leia Bastante: Parece não ser um problema para os universitários, que tem que ler vários livros e apostilas, dentro de uma semana. Mas se pretende escrever um livro de ficção científica, é bom que leia livros do gênero, se pretende escrever um auto-ajuda, que leia livros sobre o tema. Esse deveria ser o item primordial do tema, mas é muito importante um hábito em leitura. Um excelente escritor, antes de tudo, é um excelente leitor.

  • Converse Com os Amigos: Converse com os amigos sobre o assunto ou o tema que vai desenvolver no livro, mas amigos que te apoiam, não aqueles, que têm o prazer de frustrar cada ideia que você tiver. Se no teu livro tiver um personagem professor ou um médico, por exemplo, converse com um professor ou um médico, que irá dizer sobre suas rotinas profissionais, por exemplo. Além disso, isso irá ajudar a desenvolver ideias e até elaborar diálogos.

  • Seja Observador: Poderia dizer a grosso modo, ser "enxerido" ou "fofoqueiro", mas é por esse caminho. É importante observar os hábitos, os costumes e os seus cotidianos. O escritor normalmente é uma pessoa muito curiosa e exercite bastante isso, aprendendo sempre coisas novas.

  • Gerencie o Seu Tempo: Como eu disse, escrever um livro é uma longa viagem, e isso, demanda o seu tempo e dedicação. Organize seu tempo também para determinar o tempo de descanso, após uma fase da história ser concluída. É importante que mantenha o ritmo constante, pois será útil para informar a data prevista para a publicação do livro. Gerencie um tempo para escrever um livro, para depois fazer ainda a revisão cuidadosa, para que seja finalizado, não importa o tamanho do livro.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

citação da semana

Um poema pode ter um impacto, mas não espere que a audiência perceba todas as nuances.

Douglas Dunn

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Link bacana

A Inês, gambiarrista de plantão que sempre contribui com o blog, mandou o link desse artigo bem bacana do Livros e Afins para a gente...


DOze dicas que facilitam o hábito da leitura por Alessandro Martins





Aliás, tenho o firme objetivo de até o fim do mês termos um blogroll de blogs lusófonos sobe literatura e afins, aceito sugestões.

E eu sei que tinha prometido uma promoção, ela está atrasada porque um problema de backup devorou três meses de fotos, incluindo as fotos do prêmio... ¬¬'

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Exercício de criação 31

Este exercício chegou a nós através de uma oficina do genial João Silvério Trevisan.


Abro um espacinho aqui para a babação de ovo explícita. Até aquela oficina, eu, Sarah, estava cercada de poetas por todos os lados e me sentia um tanto diminuída como prosadora(existe uma equação muito curiosa entre prosa e poesia de que devo falar mais adiante.) e como a maioria dos escritores amadores que buscavam oficinas no ABC paulista são poetas, a maior parte do tempo se discutia poesia. Mas quando fui para a Casa da Palavra e a oficina do Trevisan começou, u-a-u. Eu não era mais um alienígena e de repente eu tinha um foco, uma orientação. Foi um momento muito importante, muito focal na minha escrita e nas minhas posturas (eu tive sorte de poder contar com a maestria de Cláudio Willer e J. S. Trevisan). Espero um dia ter a chance de fazer aquilo de novo.




Fecha espaço para babar no mestre.


Como dizia, durante essa oficina, um dos exercícios propostos gerou um profundo mal estar em uma parte considerável dos oficineiros. Foi curioso, porque a gente imagina que essa coisa de não conhecer o próprio corpo ou de se conhecer já passou, e quando vai ver, as coisas não são tão simples assim.


O exercício



Fique nú diante de um espelho, com sua ferramenta de escrita lápis, papel, notebook, e escreva, na forma literária da sua preferência, olhando para si mesmo.






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Gambiarra Literária







ps- por acaso achei um post em um blog em que o autor passou por uma oficina do Trevisan e fez o mesmo exercício.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Citação da semana

Os governos suspeitam da literatura porque é uma força que lhes escapa.

Èmile Zola

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Exercício de criação 30

Chegamos ao nosso 30 exercício, aos treze meses de idade do blog. Espero que vocês estejam gostando. Espero que de alguma forma isto tudo seja útil para alguém.

Esse é o pensamento por trás deste exercício: feedback.

Escreva uma carta, breve ou complexa, sobre como os exercícios, ou um exercício específico, algum artigo ou citação foi algo que te trouxe prazer, ideias novas, fôlego, ou como te decepcionou, te deu raiva, desanimou. Ninguém vai julgar o sentimento por trás: a ideia é exercitar a escrita em uma forma que as vezes relegamos a usar sem pensar, que é a carta. Ainda mais - uma carta que é não para uma pessoa específica, mas para uma entidade sem sentido nem noção que é este blog.



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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

citação da semana

"Entendo que poesia é negócio de grande responsabilidade, e não considero honesto rotular-se de poeta quem apenas verseje por dor-de-cotovelo, falta de dinheiro ou momentânea tomada de contato com as forças líricas do mundo, sem se entregar aos trabalhos cotidianos e secretos da técnica, da leitura, da contemplação e mesmo da ação. Até os poetas se armam, e um poeta desarmado é, mesmo, um ser à mercê de inspirações fáceis, dócil às modas e compromissos".


Carlos Drummond de Andrade (o de verdade, que se encontra nos livros, neste caso em Claro Enigma, não as bizarrias de internet que se encontra dizendo que são dele)

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Exercício de criação 29

Escreve um manual de como fazer alguma coisa que você saiba fazer bem (trocar um pneu, fazer compras no mercado, observar pássaros, pode ser o mais mundano ou o mais surreal possível), de forma que uma pessoa possa completar essa tarefa a partir das instruções que você criou. Use apenas verbos no presente.







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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

citação da semana

Eu não forneço nenhuma regra para que uma pessoa se torne poeta e escreva versos. E, em geral, tais regras não existem. Chama-se poeta justamente o homem que cria estas regras poéticas.

Maiakovski

domingo, 28 de agosto de 2011

Exercício de criação 28

Faz parte do processo de escrita a pesquisa. Mas não apenas a pesquisa acadêmica, é preciso um tanto daquilo que os atores chamam de "laboratório".

A primeira parte do exercício de hoje é procurar alguém que seja ou muito mais jovem ou muito mais velho que você, e pedir que a pessoa lhe conte uma memória dela. Um caso curioso ou um momento importante ou intenso. Observe não apenas a história em si, mas as expressões, o olhar,a postura, a relação daquela pessoa enquanto conta aquilo. Tome notas ou registre de alguma forma.


Esse é o seu material de base. Escolha a forma como vai reescrever isso: conto,crônica,poesia, artigo, texto jornalístico, haikai, isso é com você e a história que te foi contada.



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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

citação da semana



Mesmo na literatura e na arte, um homem que se preocupa com originalidade não vai ser nunca original; desde que você simplesmente diga a verdade (sem dar dois centavos sobre como ela foi descrita antes) você vai, nove a cada dez vezes, ser original sem sequer notar isso.

C. S. Lewis

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

As regras de George Orwell

Regras de Orwell para escritores:

1- Se é possível cortar uma palavra, corte.

2- Nunca use uma palavra comprida onde uma curta funciona.

3- Nunca use a voz passiva onde pode usar a voz ativa.

4- Evite palavras técnicas e estrangeiras.

5- Nunca use uma metáfora que você já leu impressa.

6-Quebre qualquer uma dessas regras para evitar esquisitices.

domingo, 21 de agosto de 2011

Exercício de criação 27

O exercício de hoje foi feito com palavras retiradas deste documentário (são 12 minutos, assistam, especialmente os que gostam de poesia e história do brasil):







Escreva usando as seguintes palavras no seu texto:

emerge

pedra

tesoura

aranha

idade

bagunça

paredes

mundo

nada

marcianos






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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

citação da semana

Escreva. Comece a escrever hoje. Comece agora mesmo. Não escreva isso certo, só escreva - e torne isso certo depois. Dê a si mesmo a liberdade mental para aproveitar o processo, porque o processo da escrita é longo. Tome cuidado com "regras de escrita" e conselho. Faça isso do seu jeito.
Tara Moss

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Favor comparecer à S.S.O.

Alguns comentários pontuais sobre o blog:

-Mudamos nosso visual.Tentei deixar mais organizado e visualmente mais agradável. Não esperem um visual profissional porque este blog é absolutamente amador. Mas pelo menos melhoramos nossa identidade visual e temos até um favicon (repare que na barra de endereço, o ícone que aparece não é o b do blogger,mas nossa máquina de escrever de estimação, que ilustra o botão de compartilhamento dos exercícios).

-Aliás, agora, cada exercício vem com uma caixa de texto que é só colar no seu post e pronto, link para o exercício no gif simpático. Além disso, temos dois botões para quer quiser divulgar o Gambiarra, é só copiar o código e colar no seu template.

-Os participantes dos exercícios ganharam página própria, ficando mais visíveis. Ainda pretendo melhorar isso, mas estamos caminhando. Caso você tenha participado e seu link não apareceu ainda lá, deixe um comentário neste post para que eu corrija.

-Criamos uma página no Facebook, que pode ser acessada pelo gadget ali à esquerda - nem precisa sair do blog para "curtir" nossa página.

E esperem em breve a primeira promoção do blog. Coisa simples porque este é um espaço para lá de não comercial e que ainda batalha por uma divulgação mais ampla. Mas é um começo!

Por fim, aceitamos ajuda para a tradução de textos, artigos e citações; e também artigos próprios falando sobre processo criativo.




domingo, 14 de agosto de 2011

Exercício de criação 26

Escolha uma foto deste site. Se você clicar em qualquer imagem dessa página, vai para uma galeria temática. As setas levam para mais páginas. Não precisa saber inglês e não precisa saber do que se trata a foto.Navegue a vontade, até que algo te chame atenção. Esse é seu tema. Coloque a foto no seu post para sabermos qualvocê escolheu.





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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

citação da semana

Sempre carregue um caderno de notas. E eu quero dizer sempre. A memória de curto prazo só retem informações por três minutos; a não ser que você coloque no papel, uma ideia pode ser perdida para sempre.



Will Self

domingo, 7 de agosto de 2011

Exercício de criação 25

Descreva os objetos em um ambiente, de forma que o jeito como eles estão indiquem uma ação que aconteceu no recitno poucos minutos antes. Tente passar o máximo de informações sobre esse acontecimento sem falar de forma direta o que aconteceu, apenas mostrando os "rastros".


E agora nós temos uma novidade...

Quer mostrar de onde veio o exercício? Cole este código que ele já vai com o link para o blog. Além deste, específico para os exercícios, se preferir, nós temos os outros botões de compartilhamento, fique a vontade.









quinta-feira, 4 de agosto de 2011

citação da semana

Escrever é pensar. Escrever bem é pensar claramente. Por isso é tão difícil.

David McCullough

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Datas especiais

Dia 25 de julho o blog fez um ano. Não percebi, assumo; não parecia fazer tanto tempo. Foi um daquelesmomentos "mas heim? já fez tudo isso?"

Mas o exercício de criação nº1 foi postado no blog no dia 2 de agosto, e acho que esse momento merece alguma celebração.

Aguardem pelo mês de agosto nossas comemorações de 1 ano de exercícios,ora bissextos ora semanais.

Algumas estatísticas:

Estamos chegando a 4500 visitas.

A busca mais bizarra no google que trouxe alguém para o blog foi "exercícios para o primeiro beijo"

A maioria dos nosss visitantes vem do Brasil mesmo, mas há um bocadinho de portugueses e umas almas vindas dos Estados Unidos. Nosso visitante mais distante foi da Malásia. E kudos aos 3 visitantes angolanos. Lusofonia unida!

Coisa surpreendente - a maioria dos nossos visitante, 42%, usa o IE como navegador e o segundo navegador mais usado foi, empatado em 28%, o Chrome e meu mui querido Firefox (acho que vou colocar o selinho do "get firefox" na barra lateral depois disso, *risadas*). 

 Estamos crescendo. Devagar, temos mais leitores, e eu agradeceria se as pessoas fizessem comentários de vez em quando só para eu não ficar com a sensação de falar com as paredes (eu normalmente escrevo os exercícios e boa parte dos posts programados na madrugada do domingo para segunda, relevem o drama).

Nós estamos sempre em busca de artigos interessantes, tanto para republicar como para traduzir, exercícios novos e inspiradores, citações sobre o processo de escrita para nos conectarmos a outros que escrevem. É um prazer e uma honra. Espero que muitos outros anos venham e que possamos crescer sempre mais e mais.   

 E parabéns para aqueles que passam por aqui, ainda que silenciosamente... porque a escrita é uma prática e nós ficamos felizes de estar aqui.




ps-caso alguém não tenha notado, a pilha de livros na ilustração é um bolo e aniversário para deixar todos os bibliófilos com vontade.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Exercício de criação 24

Escreva um mapa para chegar até sua casa. Você pode começar tão longe ou tão perto quanto você quiser.
Pense em qual vai ser seu objetivo: ser preciso?divertido?curioso?improvável? Antes de começar a escrever, pense o que é que você deseja com sua escrita.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

exercício de criação 23

Recebi o e-mail que segue de meu amigo, o poeta José Carlos Mendes Brandão, que nos lança um desafio, que transformei em mais um exercício da Gambiarra. Como disse o Brandão, é uma receita para um obra prima no cinema, quem sabe pode ser também para o poema. Estamos desafiados, mãos a obra (prima?).

Como segue:

Assunto:
Desafio - cinema vs. poema
De:
José Carlos Brandão
Data:
12:07
Para:
Edson Bueno de Camargo

Edson,

tudo bem?
Já faz um tempo tenho pensado em você, no Gambiarra.
É que me encafifou um "clichê" de Eisenstein - se é bom para um filme, ou para uma cena de um filme, por que não para um poema? Confesso que tentei várias vezes, mas a obra prima não saiu. Não sei se por que eu queria uma obra prima mesmo.
Em todo caso passo para você, se quiser lançar o desafio. Este pode ser um desafio mesmo. Penso assim, pode demorar talvez até alguns anos... De repente pode nascer o poema, talvez uma obra prima.

1. A mão levanta a faca.
2. Os olhos da vítima abrem-se repentinamente.
3. Mãos agarram uma mesa.
4. A faca desce.
5. Olhos piscam involuntariamente.
6. O sangue espirra.
7. Uma boca solta um grito.
8. Algo pinga no sapato.



Clichê de Eisenstein – fazer um poema com essa técnica.



Um abraço amigo,
Brandão.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

semana de folga...ou quase

Tire essa semana para fazer algum exercício que ficou para trás... fuce pelo blog para ler coisas antigas... e se possível, deixe algum feedback para a Gambiarra.

Comente sua opinião sobre os exercícios, a estrutura do blog, sugestões, críticas, só não vale xingar a mãe de ninguém...

sábado, 16 de julho de 2011

Como é fácil escrever

Texto escrito por Urariano Motta, em Direto da Redação.





Nos últimos anos tem surgido um súbito interesse pelo ato de escrever. Jovens e maduros têm se debruçado de repente sobre a bruxaria que é o escrever sem antes muito ler, algo tão extraordinário quanto o falar sem jamais ter ouvido. As mais difíceis provas de concursos para empregos públicos e de vestibulares exigem uma torturante redação. E, aparentemente estranho, até headhunters, até selecionadores de empresas privadas descobriram a pólvora: que não há bom falante de inglês, nem bom falante de qualquer língua estrangeira que não seja antes um bom conhecedor da própria língua, aquela maltratada e desprezada que o indivíduo ouve desde o ventre da mãe.

Daí que no mercado pululem e pulem livros que dizem ensinar a escrever sem o processo longo, permanente, educador de ler. Daí que apareçam prodígios como “Escrever é fácil”, um livro cujo título já é uma declaração de engodo.
Imaginem lições do gênero “Porque escrever não passa disso: uma técnica de comunicação…”. Numa só frase o autor do remédio para incautos faz uma brevidade-maravilha: que escrever é uma técnica!, e de comunicação. Sabemos todos que técnica é um modo, um método prático de se fazer algo, plenamente transmissível por treino, por repetição. (Sinto o autor assentindo com o queixo, “pois é isso mesmo”. ) Pois acabamos de entrar no reino da mais pura animalidade. Temos que descer às profundas para de lá forcejar um retorno. Vejam.

No reino das profundas onde nos achamos já vemos que escrever, se é uma técnica, certamente não é como uma técnica de consertar um radinho de pilha ou uma televisão. “Mas é, de uma outra maneira”, insiste o autor do manual-maravilha. De que maneira ? ousaríamos perguntar. Ao que ele nos responde: “Usem sempre a ordem direta: sujeito, verbo, complemento. Escrevam períodos curtos usando palavras de uso comum”. Ah, e mais, de passagem, ele nos diz: “Evitem também a dupla negação. Há quem escreva: ‘Eu não entendi nada’. Ora, se não entendeu nada, então entendeu tudo, certo? Lembrem-se da regra de álgebra: menos com menos é igual a mais! Em vez disso, prefiram: ‘Nada entendi’ ”. Muito bom. Se com esse gênero de mestre as novas gerações aprenderem a escrever, estamos perdidos. Porque vejam, a profundidade das profundas não tem fundo, não tem limite. Porque vejam.

Primeiro, um mestre não deveria recolher exemplos de disciplinas que desconhece. Menos com menos jamais foi igual a mais, sequer na aritmética – o que existe é uma operação, de multiplicação, cujo produto de números negativos, etc. Segundo, o que dá um sinal contrário em matemática não faz o mesmo quando se escreve. Pelo contrário, “não entendi nada” tem um peso expressivo, de reforço de negação, que não está presente em “nada entendi”. Quem assim se expressa é cidadão inglês de anedota. Terceiro, é muita estupidez fechar o pensamento na ordem direta, tão só e somente. O pensamento é, antes, o pulo, o salto, o alcance da essência numa desordem que é uma nova ordem, que não se expressa tão burramente como em “O bebê é bonito”. Vejam, essa frase anterior é de uma burrice que rejeita o poeta João Cabral em “De sua formosura deixai-me que diga: é tão belo como um sim numa sala negativa”. 

E reduzir a escrita à finalidade da comunicação traz danos irreparáveis ao pensamento. Um deles é subestimar a capacidade de compreensão do público leitor. Esse é um preconceito que termina por contagiar a própria criação. Para melhor “comunicar”, começariam a ser censuradas manifestações importantes do fazer e fazer-se humano. Ou seja: baixem o nível, porque o povo é burro.

E como não temos mais tempo, deixem-nos por favor soltar de vez mais alguns trechos de crua tragédia para a sensibilidade humana no livro:

“Toda frase é uma equação … vírgulas geralmente quebram a fluência da leitura, exigindo que os olhos e a mente do leitor avancem aos trancos pelo texto … a lógica é uma parte da filosofia encarregada justamente de pôr as idéias em ordem … Lembrem-se sempre de que a concepção precede a criação … Como puderam ver, escrever é fácil. Desde que tenham o que dizer” .

De frases que são verdadeiras equações até o escrever que é fácil para quem tem o que dizer, só nos resta parodiar Mark Twain, quando ele se referia à luta para deixar de fumar: escrever é fácil, eu mesmo já tentei várias vezes. 


segunda-feira, 11 de julho de 2011

exercício de criação 22

Mais um turno de criação a partir de imagem...

o que esta foto te faz desejar escrever?

fonte

segunda-feira, 4 de julho de 2011

exercício de criação 21

Vamos ser desafiantes. É preciso as vezes chacoalhar um pouco e sair das nossas zonas de conforto.

Por isso, o tema do desafio de hoje é livre, mas...

Se você costuma escrever poesia, você vai escrever um conto curto. (lembrando - a prosa se alimenta do conceito de conflito. se nãohouver algum tipo de ocnflito, ela fica vazia.)

Se você costuma escrever prosa, vai escrever uma poesia. (lembrando - a estrutura da poesia não é a de um conto que foi "picotado" com parágrafos para parecerem versos - ela tem ritmo próprio).

Mas e se eu escrevo com naturalidade tanto uma quanto a outra? Então você vai escrever um artigo dissertando sobre o tema. Não ficção, com estrutura de artigo mesmo (introdução, desenvolvimento do tema, conclusão).


Vamos lá. Exercícios criativos precisam ser desafiantes, e um pouco desconfortáveis, se queremos ir além e evoluir.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

A Poesia

(Fragmento de uma conferência pronunciada em Madri, em 1921)

Além da significação gramatical da linguagem existe outra, uma significação mágica, que é a única que nos interessa. Uma é a linguagem objetiva que serve para nomear as coisas do mundo sem apartá-las de sua qualidade de inventário; a outra rompe esta norma convencional, e nela as palavras perdem sua representação estrita para adquirir outra mais profunda e como que rodeada de uma aura luminosa, que deve elevar o leitor do plano habitual e envolvê-lo numa atmosfera encantada.
Em todas as coisas há uma palavra interna, uma palavra latente e que está debaixo da palavra que as designa. Esta é a palavra que o poeta deve descobrir.
A poesia é o vocábulo virgem de todo preconceito; o verbo criado e criador, a palavra recém-nascida. Ela se desenvolve na primeira aurora do mundo. Sua precisão não consiste em denominar as coisas, mas sim em não afastar-se da aurora.
Seu vocábulo é infinito porque ela não crê na certeza, e sim nas probabilidades. E seu papel é converter as probabilidades em certeza. Seu valor está marcado pela distância que vai entre o que vemos e o que imaginamos. Para ela não há passado nem futuro.
O poeta cria, fora do mundo que existe, o que deveria existir. Eu tenho o direito de querer ver uma flor que anda ou um rebanho de ovelhas atravessando o arco-íris, e quem quiser me negar esse direito ou limitar o campo de minhas visões deve ser considerado um simples inepto.
O poeta faz mudar de vida as coisas da Natureza, recolhe com sua rede tudo aquilo que se move no caos do inonimado, estende fios elétricos entre as palavras e ilumina subitamente rincões desconhecidos, e todo esse mundo estoura em fantasmas inesperados.
O valor da linguagem da poesia está na razão direta de seu afastamento da linguagem que se fala. Isto é o que o vulgo não pode compreender, porque não quer aceitar que o poeta trate de exprimir apenas o inexprimível. A outra fica para os vizinhos da cidade. O leitor comum não se dá conta de que o mundo passa ao largo do valor das palavras, que resta sempre um mais além da vista humana, um campo imenso livre das fórmulas do tráfico diário.
A Poesia é um desafio à Razão, porque é a única razão possível. A Poesia não pode nos induzir ao erro, porque a poesia é, enquanto a razão está sendo.
A Poesia está antes do princípio do homem e depois do fim do homem. Ela é a linguagem do Paraíso e a linguagem do Juízo Final, ela ordenha os úberes da eternidade, ela é intangível como o tabu do céu.
A Poesia é a linguagem do Paraíso. Por isso, apenas os que trazem a lembrança daquele tempo, apenas os que não esqueceram os vagidos do parto universal nem os sons do mundo recém-criado, são poetas. As células do poeta estão juntadas na primeira dor e guardam o ritmo do primeiro espasmo. Na garganta do poeta o universo busca sua voz, uma voz imortal.
O poeta representa o drama angustioso que se realiza entre o mundo e o cérebro humano, entre o mundo e sua representação. Quem não tiver sentido o drama que se desenrola entre a coisa e a palavra não poderá me compreender.
O poeta conhece o eco dos chamados das coisas às palavras, vê os laços sutis que se estendem as coisas entre si, ouve as vozes secretas que lançam umas às outras palavras separadas por distâncias incomensuráveis. Faz se darem as mãos vocábulos inimigos desde o princípio do mundo, agrupa-os e os obriga a andar em seu rebanho por mais rebeldes que sejam, descobre as alusões mais misteriosas do verbo e as condensa em um plano superior, entretece-as em seu discurso, onde o arbitrário passa a ter um papel encantatório. Ali tudo cobra força nova, e pode assim penetrar na carne e dar febre à alma. Ali se acha esse tremor ardente da palavra interna que abre o cérebro do leitor e lhe dá asas e o transporta a um plano superior, elevando-o de categoria. Então se apodera da alma a fascinação misteriosa e a tremenda majestade.
As palavras têm um gênio recôndito, um passado mágico que somente o poeta sabe descobrir, porque ele sempre volta à fonte.
A linguagem se converte em um cerimonial de esconjuro e se apresenta na luminosidade de sua nudez inicial, alheia a todo vestuário convencional fixado de antemão.
Toda poesia válida tende ao limite último da imaginação. E não só da imaginação mas do espírito mesmo, porque a poesia não é outra coisa senão o último horizonte, que é, por sua vez, a aresta onde os extremos se tocam, onde se confundem os chamados contrários. Ao chegar a esse limite final, o encadeamento habitual dos fenômenos rompe sua lógica e no outro lado, onde começam as terras do poeta, a cadeia se desfaz em uma lógica nova.
O poeta vos oferece a mão para conduzir-vos além do último horizonte, acima do cume da pirâmide, nesse campo que se estende além do verdadeiro e do falso, além da vida e da morte, além do espaço e do tempo, além da razão e da fantasia, além do espírito e da matéria.
Ali plantou a árvore de seus olhos e a partir dali contempla o mundo, a partir dali vos fala e vos descobre os segredos do mundo.
Há em sua garganta um incêndio inextinguível.
Há também esse balanço de mar entre duas estrelas.
E há esse Fiat Lux que leva cravado na língua.

Vicente Huidobro - Altazor e Outros Poemas - Art Editora Ltda

Tradução: Antonio Risério e Paulo César Souza

terça-feira, 28 de junho de 2011

exercício de criação número 20

Seu tema hoje é uma "primeira vez". Primeiro beijo,primeira viagem sozinho, primeira vez que fritou um ovo... qualquer que seja, com certeza dá uma boa história.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

citação da semana

O melhor conselho que já recebi sobre escrever foi, "Reescreva isso!". Um monte de editores medisseram isso. Eles estavam semre certos. Escrever é realmente reescrever - tornar a história melhor, mais clara, mais verdadeira.


ROBERT LIPSYTE

terça-feira, 21 de junho de 2011

exercício de criação 19

Escolha entre cinco e oito pessoas do seu círculo íntimo, família ou amigos.

Descreva cada uma delas limitando o número de palavras às idade de cada um. Por exemplo, seu companheiro de 42 anos sendo descrito em 42 palavras, seu sobrinho de 8 anos, em 8 palavras.

(exercício retirado do The Huffington Post)

quinta-feira, 16 de junho de 2011

citação da semana

Se você quer escrever, você pode. Medo impede mais pessoas de escrever do que falta de talento, seja lá o que for isso. Quem eu sou? Que direito eu tenho de falar? Quem vai me escutar se eu o fizer? Você é um ser humano, com uma história única para contar, e você tem todo o direito. Se você fala com paixão, muitos vão ouvir. Nós precisamos de histórias para viver, todos nós. Nós vivemos pelas histórias. A sua engrandece o ciclo.

RICHARD RHODES

segunda-feira, 13 de junho de 2011

exercício de criação 18

O exercício de hoje foi traduzido de um site sobre exercícios criativos. Como muitos outros exercícios daqui, que são baseados em coisas que leio na internet anglófona sobre literatura.

O exercício está no livro de John Gardner A arte da ficção. Esse livro já foi traduzido no Brasil, mas está esgotado.

Escolha uma das três opções:
1- Descreva uma paisagem como vista por uma velhinha cujo horrívelmarido morreu recentemente. Não mencione o marido ou morte.

2-Descreva um lago como visto por um homem jovem que acabou de matar alguém. Não cite o assassinato.

3- Descreva uma paisagem como vista por um pássaro. Não mencione o pássaro.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

segunda-feira, 6 de junho de 2011

exercício de criação 17

Procure uma música clássica. Fuja das óbvias, procure algo com que você não esteja familiarizado.

Escute a música. Pense que histórias essa música conta para você, no que ela te faz pensar.

Escreva baseado naquilo que a música te trouxe.

Regra: seu texto não pode trazer nenhuma citação direta de elementos da música ou orquestra.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

terça-feira, 31 de maio de 2011

exercício de criação 16

Escolha o gênero da sua preferência - prosa, poesia, conto, crônica.

Escreva a vontade. Se precisar de um tema, use a tag "citações" do blog para pesquisar o que muitos escritores falaramsobre o ato de criar, existe muita meta-linguagem inspiradora por aqui.

Depois, use a ferramenta "contar palavras" do processador de texto.

Corte 1/3 das palavras.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

O ótimo Livros só mudam pessoas legendou essa propaganda da universidade canadense Langara que tem tudo a ver com nossa proposta aqui... Aliás, inspire-se. Porque as dicas são muito boas, mesmo.




quarta-feira, 25 de maio de 2011

citação da semana

Uma das poucas coisas que sei sobre escrever é isso: gaste tudo, grite isso, jogue, perca, tudo, agora mesmo, todas as vezes. Não guarde o que parece bom para um lugar mais tarde do livro ou para outro livro; dê isso, dê tudo, dê agora. O impulso de guardar algo bom para um espaço melhor mais tarde é um sinal para usar agora. Algo mais vai brotar depois, algo melhor. Essas coisas chegam pelos fundos, por baixo, como a água de um poço. E de forma similar, o impulso de guardar para si mesmo aquilo que aprendeu não é apenas vergonhoso, mas destrutivo. Qualquer coisa que você não dê com abundância está perdida para você. Você abre o cofre e só encontra cinzas."


Annie Dillard

terça-feira, 24 de maio de 2011

exercício de criação 15

Entre neste link:


Surpreenda-se

Esse é seu tema.

Colher de chá: Escolha o assunto principal do tópico ou algum dos hiperlinks da página.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

citação da semana

Não seja todo tímido e melindroso sobre suas ações. A vida é toda uma experiência.


Ralph Waldo Emerson

segunda-feira, 16 de maio de 2011

exercício de criação 14

Escolha uma cor. De preferência, use algo randômico para escolher. Atribua uma cor para cada número de um dado, use a cor da roupa da primeira pessoa que você vir na rua, escreva nomes de cores em papeizinhos e pegue um de dentro de um chapéu, peça para alguém dizer uma cor.

Essa cor vai ser o seu tema para escrever hoje. A forma é livre.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

citação da semana

O artista é um receptáculo para emoções que vem de todos os lugares: do céu, da terra, de um pedaço de papel, de uma forma que passa, de uma teia de aranha.
Pablo Picasso

quinta-feira, 12 de maio de 2011

8 dicas básicas para uma escrita criativa, por Kurt Vonnegut


 A Inês foi quem teve a boa vontade de traduzir este texto para nós. Valeu!
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8 dicas básicas para uma escrita criativa, por Kurt Vonnegut

1)      Use o tempo de um total estranho, de forma que ele ou ela não perceba isso.
2)      Dê ao leitor pelo menos um personagem a quem ele possa se prender.
3)      Todo personagem deve querer algo, mesmo que seja só um copo d-água.
4)      Cada sentença tem que fazer uma ou duas coisas: revelar um personagem ou avançar na ação.
5)      Comece o mais próximo possível do fim.
6)      Seja sádico. Não importa o quanto doce e inocente é o seu personagem principal, faça coisas horríveis acontecerem com ele – de forma que o leitor possa ver do que ele é feito.
7)      Escreva para agradar apenas uma pessoa. Se você abrir a janela e fazer amor com o mundo, sua história vai pegar pneumonia.
8)      Dê ao seu leitor o máximo de informação possível, o mais rápido possível. Às favas com o suspense. Os leitores devem ter entendimento completo do que está acontecendo, onde e porque, para que eles possam terminar a história por si mesmos. Deixe as últimas páginas para as baratas.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

exercício de criação 13

E voltamos depois de nosso hiatus... que teve uma boa causa, hehehe.


Mas vamos ao que interessa...


Exercício de de criação número 13


Relembre um conto de fadas de que você goste ou tenha gostado quando era criança. Pode pesquisar diferentes versões dele, ou apenas resgatar a memória.

Agora, reescreva o conto. Pode ser simplesmente recontar a mesma história, pode ser uma recriação, uma adaptação para outro gênero literário ou o que você sentir mais vontade de fazer.

terça-feira, 12 de abril de 2011

10 regras para quem quer escrever

O colunista André Forastieri selecionou recentemente em seu blog dicas de autores conhecidos para quem deseja escrever
A primeira é retirada de um livro de Elmore Leonard, autor prolífico que publica desde os anos 50. Ele começou com faroestes, depois passou para policiais. Muitos viraram filmes, alguns bons -Jackie Brown, Get Shorty.
Seu livro Elmore Leonard’s 10 Rules of  Writing tem pouco texto e umas ilustrações bico de pena, modelito New Yorker, do Joe Ciardello. Em resumo, as regras para quem quer escrever um ROMANCE são:

1. Nunca comece um livro falando sobre o tempo.
2. Evite prólogos.
3. Nunca use nenhum verbo para carregar o diálogo que não seja “dizer” (tipo, “ele disse” em vez de “ele justificou”, “afirmou”, “disparou” etc.)
4. Nunca use um advérbio junto com “disse” (como em “disse ele seriamente”).
5. Mantenha seus pontos de exclamação sobre controle.
6. Nunca use as palavras “suddenly” (subitamente) ou “all hell broke loose” (a casa caiu; abriu a porta do inferno) ( ou seja expressões idiomáticas muito óbvias).
7. Use pouco gírias e dialetos regionais.
8. Evite descrições detalhadas de personagens.
9. Não detalhe muito coisas e lugares.
10. Tente deixar de fora a parte que os leitores tendem a pular.
Outros pensamentos do autor
Se soa como algo escrito, eu reescrevo.
E se a gramática está atrapalhando, passe por cima dela.
Não posso permitir que o que aprendi na escola atrapalhe o som e o ritmo da narrativa.
É minha tentativa de permanecer invisível e não distrair o leitor da história com um texto óbvio.
Como dizia Joseph Conrad,  as palavras não podem bloquear o que você tem a dizer


Para quem deseja escrever um CONTO, Forastieri traduziu 8 dicas da antologia de Kurt Vonnegut, Bagombo Snuff Box:

1. Use o tempo de um total desconhecido de maneira que ele ou ela não vai achar que foi desperdiçado.
2. Dê ao leitor ao menos um personagem pelo qual ele possa torcer.
3. Todo personagem deve desejar alguma coisa, nem que seja apenas um copo d’água.
4. Toda sentença deve fazer uma de duas coisas – revelar personalidade ou avançar a ação.
5. Comece tão próximo do final quanto possível.
6. Seja sádico. Não importa o quanto seus protagonistas sejam doces e inocentes, faça coisas horríveis acontecer com eles – é a maneira do leitor perceber do que eles são feitos.
7. Escreva para agradar somente uma pessoa. Se você abrir a janela e fazer amor com o mundo, sua história vai pegar pneumonia.
8. Dê aos seus leitores tanta informação quanto possível assim que possível. Dane-se o suspense. Os leitores devem ter tamanha compreensão do que está acontecendo, onde e por que, que seriam capazes de terminar a história caso as últimas páginas do livro sejam devoradas por baratas.
No final de seu texto, André Forastieri explica: Se você ficou curioso/a para saber para quem Vonnegut escrevia: era para a irmã dele.
E eu, para quem escrevo? Bem, sei quem gostaria de impressionar, mas costumo dizer que copio Grant Morrison: escrevo para um cara de 14 anos muito inteligente.
Mas não é isso que Kurt quis dizer. Ele aconselha você a escrever para uma pessoa real, de carne e osso. Mesmo que ela já tenha morrido. Para quem você escreve?

http://www.livrosepessoas.com/2011/04/08/dez-regras-para-escrever/

terça-feira, 22 de março de 2011

Dia Internacional da Poesia



Texto escrito por Luciane Mediato, no Diário do Grande ABC.

A poesia é considerada por muitos como a arte plástica das palavras. Uma espécie de função social que desperta, liberta e traz os sentimentos para a consciência. Gênero literário que acompanha a evolução da humanidade desde Platão. Mas, em meio às redes sociais, televisão, cinema e tantos best-sellers lançandos, surge o debate sobre o papel desta arte na contemporaneidade.
E no Dia Internacional da Poesia, celebrado hoje, o doutor em literatura e professor da USP Jaime Ginzburg explica que o modo como vemos a poesia está ligado às duas grandes guerras mundiais: “Depois desses fatos houve um desencantamento da humanidade em sustentar um projeto literário. Neste período, se colocou em dúvida se poderíamos fazer algo para que a autodestruição acabasse.”
Para reverter essa descrença na arte de escrever, alguns poetas fizeram com que as pessoas renovassem o papel da palavra. Eles deixaram os idealismos românticos e deram um toque de humanização nos textos. Um dos nomes em destaque desta transformação é o alemão Paul Celan autor de “Prisão da Palavra”, trabalho no qual chama atenção para as dificuldades de conciliar a experiência humana com a linguagem. “Celan dizia que mesmo a poesia que ele escrevia, cinza como a decomposição da matéria, tinha que perdurar. Uma metáfora e uma mensagem à sociedade, que, mesmo após as grandes guerras, deve seguir”, declara o professor.
Um dos poemas mais importantes de Paul Celan é “Fuga da Morte” que traz à linguagem e à consciência lírica o horror dos campos de concentração nazistas. Obra que desmentia os boatos de que depois Auschwitz não havia mais lugar para a poesia no mundo. “Esse poema é um poderoso apelo sobre os que se preocupam com a linguagem, principalmente a poética, que muitas vezes é marginalizada pela sociedade da tecnologia”, diz Ginzburg.
No entanto, mesmo com essas mudanças no jeito de produzir a poesia, Ginzburg ressalta que o gênero é pouco conhecido. “Em uma sociedade de leitura rara os poemas não são a preferência. Isso é resultado da indústria da cultura de massa que trabalha com a percepção do imediato. A definição do gênero lírico precisa de contemplação. Os textos que tratam da interioridade fazem com que o leitor pense nele mesmo. A poesia provoca a humanização do ser humano”.
Além de trabalhar a subjetividade, a poesia se destaca pelas múltiplas possibilidades que oferece. Um exemplo disso é a peculiaridade que ela ganha na América Latina, de raízes entrelaçadas à sua história de lutas sociais. “As obras latino-americanas têm caráter histórico muito forte de violência e perseguição política, o que contribui para textos de resistência à repressão e contestação à ordem vigente.”
Autores que se destacam com obras contra a repressão no Brasil são: Carlos Drumond de Andrade, Mario de Andrade, Hilda Hilst e Guimarães Rosa.

Fonte:  http://www.livrosepessoas.com/2011/03/21/dia-internacional-da-poesia/

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O texto na era digital

http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=12239


Revista Língua Portuguesa, Ed. 64

O texto na era digital

Edgard Murano

Na ponta do lápis: escrever tornou-se uma atividade mais banal depois da internet, consequência de blogs, e-mails e redes sociais
Houve um tempo em que o hábito de manter cadernos de anotações era algo bastante corriqueiro. Os chamados de "livros de lugares-comuns" (ou commonplace books) eram utilizados pelos leitores para o registro de trechos e passagens interessantes com que se deparavam em suas leituras. Mas além de transcrições, esses cadernos também reuniam apontamentos sobre a vida cotidiana, conforme relata o historiador Robert Darnton em A Questão dos Livros (Cia. das Letras, 2009, p.164). Essas informações eram grupadas e reorganizadas à medida que novos excertos iam sendo acrescidos. O hábito espalhou-se por toda a Inglaterra no início da era Moderna, e muitos escritores famosos - entre eles John Milton e Francis Bacon - cultivaram essa maneira especial de absorver a palavra impressa, fundada na não linearidade e na fragmentação da informação.

Tradição viva
Hoje, com mais de 37 milhões de usuários de internet só no Brasil, essa tradição de escrita parece mais viva do que nunca, impulsionada por novas tecnologias e amplificada pela comunicação em rede. Não é exagero afirmar que e-mails, blogs e redes de relacionamento já deixaram sua marca na produção textual contemporânea. Para o escritor Michel Laub, autor dos romances O Gato Diz Adeus e Longe da Água (ambos pela Cia. das Letras), a internet tornou os textos mais naturais e coloquiais, embora não seja a única responsável por essas mudanças.

- O texto da internet é um texto em geral mais coloquial, menos "literário", no sentido de ser mediado por truques de estilo. A internet não inventou a coloquialidade, mas fez com que ela passasse a soar mais natural para muito mais gente e, estatisticamente ao menos, virou um certo padrão - afirma.

Com cada vez mais usuários - o acesso à rede no Brasil aumentou 35% entre 2008 e 2009 - a internet está criando novos hábitos de comunicação entre as pessoas, que acabam se adaptando às facilidades da nova tecnologia. Isso vale tanto para a leitura, em vista da profusão de textos veiculados na rede, quanto para a escrita, principal meio de expressão do internauta (pelo menos até que as conversas "via voz" se tornem mais corriqueiras).

Conselhos literários fundamentais



http://www.livrosepessoas.com/2011/02/23/conselhos-literarios-fundamentais/

texto de Sérgio Rodrigues publicado originalmente no Todoprosa

Odeie o conforto. Se estiver concentrado demais na história que está escrevendo, ligue a TV, entre num bate-papo virtual. Caso as palavras continuem a lhe jorrar dos dedos, ponha uma música, desligue o ar condicionado, abra a janela para o berreiro de freios, buzinas e motores. Sinta-se incomodado: retarde ao limite do desastre – ou mesmo, havendo disposição e necessidade para tanto, além dele – a hora de ir ao banheiro. Morra de sede, chegue a passar fome. Brigue com a sua mãe. Mande confeccionar para sua cadeira de escritório XTZO-3000 (com amortecedor inteligente) um magnífico assento de tachinhas medievais. Boicote-se: se escrever umas tantas páginas-telas que lhe agradem em particular, dê um jeito de perdê-las, negando-se como um tonto a salvar o arquivo ao fechá-lo. E então esprema a memória para reproduzi-las igualzinho, vírgula a vírgula, exceto por uma palavra que já não achará mais e cuja ausência, se tudo der certo, vai torturá-lo por horas e horas de trabalho ou trabalho nenhum, pois não se pode chamar de trabalho o tumulto de pensamento que o tomará então, o céu a estridular como se fosse partir ao meio e o computador berrando mais do que a cidade e a TV juntas jamais sonharam berrar. Nesse momento, se as instruções tiverem sid:o seguidas corretamente, a linguagem estará passando por você depressa demais para ser captada, zunindo, turbilhão de luz no hiperespaço. Você terá se infiltrado, como um espião ou um vírus, no coração da máquina que move um mundo de palavras sem tempo de fazer sentido. É horrível. Avance a mão, colha uma ao léu, e então comece.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Exercício de criação 12

O exercício de hoje também foi baseado no livro How to be an explorer of the world, da Keri Smith. Enquanto eu aguardo ansiosa outro livro dela que comprei e que aparentemente o pessoal da alfândega resolveu ler antes de deixar passar, achei que este exercícioseria muito digno:


-Escolha um objeto qualquer, comum ou inusitado.
-Use sua imaginação: que propriedades mágicas poderia ter esse objeto?
-Escreva, no gênero que preferir, sobre esse objeto mágico. De onde veio, como é usado, o que faz... 

Lembre-se: o objeto que vai dar origem ao exercício deve ser um objeto que existe.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

citação da semana

"A superfície do texto registra tensões subterrâneas, como um sismógrafo. [Usar a técnica da leitura lenta] É como encostar a orelha no chão, como um índio que sente o barulho que vem de longe. Dentro de um texto, há sempre uma pluralidade de vozes e situações. É possível colher ali traços da realidade que está fora dele."

Carlo Ginzburg


(citação sugerida pelo amigo Vlademir, agradeço!)

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Entre livros e Moleskines


Marta Barcellos

Entro em uma livraria e esbarro com um aramado repleto de Moleskines. Os sóbrios agora são minoria. Com capas coloridas, elásticos pretos selando o conteúdo vazio, permanecem suspensos, entre os livros que deveriam ser soberanos. Deveriam?


Antes, uma breve explicação a quem não conhece as míticas cadernetas. Segundo a empresa criada para explorar o filão, os Moleskines foram usados por escritores como Bruce Chatwin e Ernest Hermingway, e serviam para não deixar escapulir as boas ideias. Estavam sempre à mão. Caracterizavam-se pela cor preta, a capa dura, a lombada costurada.
(continue lendo)