quinta-feira, 19 de agosto de 2010

10 mil horas

por Sarah helena

Hoje recebi a revista Vida Simples,e lá falava de algo interessante,a teoria de um psicólogo sueco chamado K. Anders Ericsson, de que para se fazer bem alguma coisa, não basta o talento inato, mas sim uma soma de fatores nos quais praticar muito e ser persistente contam bons pontos. E ele diz que ser genial, ser bom em alguma coisa, exigiria 10 mil horas se dedicando àquilo, não só exercitando mas aumento o grau de complexidade do que exige de si. 10 mil horas= três horas por dia por mais ou menos 10 anos.

Claro que tem um zé mané pipoca (ok,assumo meu preconceito aqui) de um jornalista que escreveu manual do sucesso em cima da teoria do Ericksson. E eu não vou discutir isso porque não acredito na visão ocidental de sucesso. Me irrita a postura de criar livros em cima de uma boa idéia quando não se é especialista no assunto, empilhando exemplos notáveis e distorcendo o fato de que a teoria não fala de sucesso, mas de se tornar um especialista, um "expert" em algo.

A pesquisa do sueco não tem culpa disso.

Mas para quem lida com arte,a teoria das dez mil horas cai como uma luva. Porque não basta você ser bom por natureza, é preciso exercitar, lapidar, estudar, evoluir, até chegar uma hora em que se consegue chegar ao ponto de "fazer direito". E dez anos praticando todo dia me parece um número bem razoável. Aliás,gosto do termo que o dr.Ericsson usa: "prática deliberada" traduzindo literalmente. Porque não basta escrever três horas todo dia, se eu não me preocupo em revisar, corrigir, estudar e observar a maneira como a escrita acontece e me desafiar, porque ficar naquilo que eu já sei, que já sou capaz, não basta.

Sei que as vezes não dá para dedicar tanto tempo por dia para algo que amamos - como a escrita ou qualquer forma de arte. Pega mal na nossa sociedade. Mas você não pretende ser Machado de Assis nem J. R. R. Tolkien daqui a dez anos. Então, que tal começar aos poucos? Quinze minutos, meia hora. Talvez uma hora por dia. Ou enfiar nos seus horários como for possível. Mas não como um hobbie, e sim como um trabalho ou uma necessidade por questão de saúde (e é, ambas as coisas).  Mesmo que isso signifique dizer pra família "agora não dá, não me interrompa" ou se forçar a desligar a internet para não se distrair.

Dez mil horas. Nem parece tanto assim se você pensar friamente. A gente dorme muito mais do que isso em dez anos.

7 comentários:

  1. Foi Ezra Pound que disse aos seus pupilos que eles deveriam escrever como se fossem músicos ensaiando. Um bom músico tem de dedicar muitas horas do dia com sua arte, porque escrever deve ser diferente.

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  2. Isso mesmo! Aliás,é engraçado que parece que as pessoas acham que apenas música precisa de ensaio... toda arte precisa dessa dedicação.

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  3. Realmente, a prática é necessária. Escrevo há 18 anos mas deixei alguns poemas e livros inacabados há dois.

    Estou retomando a prática da escrita, mas é difícil, mais pelo tempo e pelas idéias que você não recupera do que pela volta da prática.

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  4. Outro aspecto importante é o fato de um bom escritor tem que ser também um bom leitor, quase sem exerções á regra, ou nenhuma mesmo.
    escrever é acima de tudo um ato de intertextualidade.

    Devemos nestas 10 mil horas de vôo, acrescentar horas e horas de boa leituras, de má leitura, de leitura de tudo que te cair nas mãos.

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  5. Muito bom esse tópico. Me colocou a pensar em alguns pontos que tenho... tanto positivos como negativos (e confesso que mais negativos...por enquanto). Até mais!

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  6. Muito bom esse tópico.

    venham conhecer o meu blog

    ghermanicus.blogspot.com

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