segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Escrever poesia não é fácil

Autoretratro: Didiu Rio Branco, em busca de inspiração para suas criações

Poesia –

Marcelo Maroldi


Escrever poesia não é fácil, definitivamente. Eu diria que escrever boas poesias é uma das atividades intelectuais/artísticas mais custosas que eu conheço. O pior de tudo, entretanto, é que não parece tão complicado assim. Pense aí um pouco, leitor: não é tão difícil, hein? Um pouco de treino e a famosa “inspiração” e temos uns poemas sensacionais! Bom, queria acreditar nisso às vezes...

Por que não fazemos um teste? Sente-se agora e escreva uma poesia (depois me mande um e-mail para que eu saiba quais carências teve e o resultado final do teste). Não posso precisar números, mas diria, sem hesitar, que poucos – pouquíssimos – conseguiram terminar. Deve ser por isso que os poetas são tão admirados, que difícil arte dominam! Não vou me alongar neste assunto. Tratarei de dizer o que penso que pode fazer a diferença na confecção de uma poesia. Primeiro passo, para escrever poesia é necessário ler poesia. Você precisa saber como os grandes fizeram e pode aprender um pouco com eles. Se você é um bom poeta e jamais leu poesias durante sua vida, certamente você é uma exceção.

Próximo passo, precisa ter vocabulário suficiente. Mais que para outros tipos de literatura, aliás. Encontrar as palavras certas (que se conhece) já não é simples, imagine se você não tem um bom conjunto dessas palavras gravadas na sua mente? Há, também, algumas palavras comumente usadas e é preciso conhecê-las e tê-las à disposição no repertório (alguns poetas e movimentos gostam muito de determinadas palavras!).

E a inspiração? Sobre isso nada posso dizer, acredito. Inspiração parece ser aquele sentimento que invade os artistas (poetas, no nosso caso) e os obriga a irem imediatamente para a folha de papel e começarem a escrever. Pode ser uma alegria súbita, uma dor que invadiu o peito, pode ser qualquer coisa que nos estimule a escrever. Uns têm mais e outros menos... Já ouvi poetas dizerem que isso não faz diferença, que escrever poesia é um processo lógico de combinação de palavras e não depende de emoção. Pode ser. E pode não ser... Jamais escrevi algo que tenha valor estando “tranqüilo”. Alguns poetas sentam-se para escrever quando já têm a poesia completa em suas mentes. Outros brigam com as palavras que vão surgindo. Encontre seu próprio caminho.

Outra dica, não se apegue a padrões, escreva do seu jeito. Se não quiser rimar, não rime, e se não quiser versejar, não o faça. Trabalhe como se sentir mais à vontade, em especial se você é um poeta amador que escreve sem pretensões literárias. Não sufoque seu talento e sua emoção somente para atender requisitos técnicos. Escreva poesias para você (e para seu marido/mulher/filhos/etc.). Por fim, refaça tudo se não gostar. Comece de novo, se precisar. Treine muito, muito, muito! Não desista, “e se foras Poeta, poetizaras” (Boca do Inferno) .




Marcelo Maroldi
Fonte: http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=1666

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