terça-feira, 12 de abril de 2011

10 regras para quem quer escrever

O colunista André Forastieri selecionou recentemente em seu blog dicas de autores conhecidos para quem deseja escrever
A primeira é retirada de um livro de Elmore Leonard, autor prolífico que publica desde os anos 50. Ele começou com faroestes, depois passou para policiais. Muitos viraram filmes, alguns bons -Jackie Brown, Get Shorty.
Seu livro Elmore Leonard’s 10 Rules of  Writing tem pouco texto e umas ilustrações bico de pena, modelito New Yorker, do Joe Ciardello. Em resumo, as regras para quem quer escrever um ROMANCE são:

1. Nunca comece um livro falando sobre o tempo.
2. Evite prólogos.
3. Nunca use nenhum verbo para carregar o diálogo que não seja “dizer” (tipo, “ele disse” em vez de “ele justificou”, “afirmou”, “disparou” etc.)
4. Nunca use um advérbio junto com “disse” (como em “disse ele seriamente”).
5. Mantenha seus pontos de exclamação sobre controle.
6. Nunca use as palavras “suddenly” (subitamente) ou “all hell broke loose” (a casa caiu; abriu a porta do inferno) ( ou seja expressões idiomáticas muito óbvias).
7. Use pouco gírias e dialetos regionais.
8. Evite descrições detalhadas de personagens.
9. Não detalhe muito coisas e lugares.
10. Tente deixar de fora a parte que os leitores tendem a pular.
Outros pensamentos do autor
Se soa como algo escrito, eu reescrevo.
E se a gramática está atrapalhando, passe por cima dela.
Não posso permitir que o que aprendi na escola atrapalhe o som e o ritmo da narrativa.
É minha tentativa de permanecer invisível e não distrair o leitor da história com um texto óbvio.
Como dizia Joseph Conrad,  as palavras não podem bloquear o que você tem a dizer


Para quem deseja escrever um CONTO, Forastieri traduziu 8 dicas da antologia de Kurt Vonnegut, Bagombo Snuff Box:

1. Use o tempo de um total desconhecido de maneira que ele ou ela não vai achar que foi desperdiçado.
2. Dê ao leitor ao menos um personagem pelo qual ele possa torcer.
3. Todo personagem deve desejar alguma coisa, nem que seja apenas um copo d’água.
4. Toda sentença deve fazer uma de duas coisas – revelar personalidade ou avançar a ação.
5. Comece tão próximo do final quanto possível.
6. Seja sádico. Não importa o quanto seus protagonistas sejam doces e inocentes, faça coisas horríveis acontecer com eles – é a maneira do leitor perceber do que eles são feitos.
7. Escreva para agradar somente uma pessoa. Se você abrir a janela e fazer amor com o mundo, sua história vai pegar pneumonia.
8. Dê aos seus leitores tanta informação quanto possível assim que possível. Dane-se o suspense. Os leitores devem ter tamanha compreensão do que está acontecendo, onde e por que, que seriam capazes de terminar a história caso as últimas páginas do livro sejam devoradas por baratas.
No final de seu texto, André Forastieri explica: Se você ficou curioso/a para saber para quem Vonnegut escrevia: era para a irmã dele.
E eu, para quem escrevo? Bem, sei quem gostaria de impressionar, mas costumo dizer que copio Grant Morrison: escrevo para um cara de 14 anos muito inteligente.
Mas não é isso que Kurt quis dizer. Ele aconselha você a escrever para uma pessoa real, de carne e osso. Mesmo que ela já tenha morrido. Para quem você escreve?

http://www.livrosepessoas.com/2011/04/08/dez-regras-para-escrever/