terça-feira, 27 de julho de 2010

O que fazer com um texto?




O que fazer com um texto? 


TRÊS PROFESSORES DE OFICINAS LITERÁRIAS CHAMAM A ATENÇÃO PARA REGRAS BÁSICAS DE LEITURA E ESCRITA

"Use em abundância o ponto final" 

LUIZ ANTONIO DE ASSIS BRASIL - ESPECIAL PARA A FOLHA
PARA LER 

1. Ignorar os best-sellers, por maior que seja a tentação. Deixe passar cinco anos.
Se o livro ainda respirar bem, pode investir.
2. Ler com desconfiança o que lê. Se o livro resistir a essa leitura, é porque é bom.
3. Ler com um lápis na mão. E usá-lo.
4. Conhecer pessoalmente o escritor só depois de ler o livro; caso contrário, a figura do escritor ficará colada ao texto, como um fantasma.
5. Ler edições que tenham bom gosto. Uma edição amadora piora dramaticamente o livro.

PARA ESCREVER
1. Dedicar mais tempo à leitura do que à escrita.
2. Usar em abundância o ponto final, especialmente quando a frase resiste a qualquer conserto.
3. Usar material de primeira qualidade: bom computador, bom papel de impressão, bons cadernos (sugiro o Moleskine), boas canetas, bons lápis.
4. Não levar o laptop para a cozinha ou para a sala de visitas. Se não tiver um gabinete exclusivo, o quarto é uma boa escolha.
5. Escrever apenas sobre o que conhece perfeitamente, mesmo que seja um romance passado no futuro.

LUIZ ANTONIO DE ASSIS BRASIL é professor na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e autor de "Ensaios Íntimos e Imperfeitos" (L&PM), entre outros livros.

"Desconfie das dicas que lhe dão" 

MARCELINO FREIRE - ESPECIAL PARA A FOLHA
PARA LER

1. Quanto mais um livro fizer mal, melhor.
2. Confortável precisa ser a cama, não a literatura.
3. Evitar lista dos mais vendidos.
4. Livro não é para ser entendido, é para ser sentido.
5. Desconfiar das dicas que te dão.
PARA ESCREVER
1. Cortar palavras.
2. Não usar gravata na hora de escrever.
3. Ouvir, mesmo que baixinho, a própria voz.
4. Desconfiar daquele texto que sua mãe gostou.
5. Ler e beber muito. E, no mais: viver.

MARCELINO FREIRE é autor, entre outros livros, de "Contos Negreiros" (ed. Record) e organizador de "Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século" (Ateliê).

"Leia como se fosse o psicanalista que ouve um paciente" 

LUÍS AUGUSTO FISCHER - ESPECIAL PARA A FOLHA
PARA LER

1. Se você estiver diante de um um clássico provado pelos tempos -Shakespeare, Voltaire, Machado de Assis- e acontecer alguma dificuldade na leitura, pode ter certeza de que o problema é seu, não do texto. Bons textos muitas vezes exigem mais de uma tentativa de leitura.

2. No concreto de uma leitura, pode acontecer que a fruição fique embaçada. Antes de entrar em pânico, tente localizar o foco do impasse: se for uma palavra específica que seja desconhecida, para isso existe o dicionário; se não, volte a atenção para os "que", para os nexos entre as partes da frase.

3. Um texto literário, obra de arte que é (ou aspira a ser), tem direito de ser como é, em sua integridade. Isso alerta para a necessidade de a leitura ser respeitosa: o leitor deve dispor-se a receber as informações e as formas do texto tal como o autor as concebeu. Mas isso não impede que o leitor comum pule fora ao perceber que seu honesto empenho de leitura não está sendo recompensado.

4. Um texto literário merece ser lido em pelo menos duas dimensões, uma linear e a outra enviesada. A segunda é menos perceptível, mas muitas vezes é decisiva, e tem sua carnadura num plano alusivo, nas chamadas entrelinhas, num patamar figurado ou alegórico. A boa leitura não pode contentar-se com a decifração daquela primeira dimensão, necessitando uma atenção mais difusa, próxima da atenção que os psicanalistas praticam ao ouvir o paciente.

5. Em narrativas, um detalhe radicalmente importante, em especial nos romances e contos escritos a partir do final do século 19 (no Brasil, o marco é Machado de Assis, mas você pode pensar em Dostoiévski, em Poe, em Flaubert), é o jeito de ser do narrador. O bom leitor sempre mantém em vista que o narrador pode ser parte interessada no enredo, pode ser parcial na avaliação dos fatos e das pessoas que menciona, pode saber mais ou menos do que aparenta.

PARA ESCREVER
1. Tenha sempre em conta que do outro lado de seu texto há, na melhor hipótese, um leitor; e que essa figura, preciosa e fugidia, pode abandonar o barco a qualquer momento. O autor tem todo o direito de radicalizar sua escrita, ser inventivo e ousado, mas também o leitor tem o direito de radicalizar por sua parte, caindo fora.

2. Uma das escolhas básicas para quem escreve um relato diz respeito à distância que o texto vai colocar entre a voz narrativa e o(s) personagem(ns), entre as palavras que o leitor vai ler e a vida íntima do personagem, dentro do enredo. Mesmo um narrador de terceira pessoa pode ser muito próximo dos fatos e das pessoas envolvidas, pode acompanhar as ações muito de perto, assim como um narrador de primeira pessoa pode manter uma distância relativamente serena a respeito dos fatos.

3. Embora no sentido trivial o leitor é quem escolhe o texto que vai ler, num sentido muito profundo é o texto que escolhe seu leitor: suas escolhas vão delimitando o universo potencial dos leitores, que serão mais ou menos sofisticados ou numerosos conforme as opções do autor. Confrontar ou agradar o leitor, eis uma questão que é bom ter em mente, para fazer a escolha que interessa (nisso os grandes revolucionários têm muito a ensinar; veja como Miguel de Cervantes, Honoré de Balzac, Machado de Assis e outros tratam o leitor).

4. Escrever é, em grande medida, administrar entre conhecido e desconhecido, redundância e informação. Um dos riscos sempre implicados nesse campo é o de depender do "background" do leitor, das informações que ele traz (ou não) consigo. Muitas vezes um relato sucumbe porque espera que o leitor aporte conteúdos para compor o sentido de alusões, entreditos, sugestões que o enredo contém.

5. Quem inventa uma ficção está mentindo e espera que o leitor aceite a mentira. Mas sobre essa base há uma outra camada de indispensável verdade: o escritor nunca deve trapacear, nunca fazer pose ou jogar para a torcida. Se começar a contar uma história, tem que assumir o compromisso de contar tudo que importa para que ela aconteça.

LUÍS AUGUSTO FISCHER é crítico literário, professor na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e autor de "Machado e Borges" (ed. Arquipélago), entre outros.


segunda-feira, 26 de julho de 2010

73 formas de tornar-se um escritor melhor

Peguei essa listagem no blog Copyblogger. Mais exatamente, no post 73 Ways to become a Better Writer. O post foi escrito por Mary Jaksch.

(ps- qualquer besteira na tradução avisem, eu não revisei nada, que vergonha)

Fazer estas coisas pode te tornar um escritor melhor:

1. Mantenha um blog.
2. Use limites auto impostos de palavras.
3. Aceite todas as formas de crítica eaprenda acrescer com elas.
4. Leia o que você escreveu de novo e de novo, até que você não enxergue mais problemas.
5. Mostre o que você escreve para umamigo confiável para um retorno.
6. Rascunhe linhas gerais. E então escreva em cima disso.
7. Edite, e edite de novo.
8. Viva com paixão.
9. Seja aberto, curioso, presente e engajado.
10. Dê um tempo entre escrever e editar.
11. Aprenda uma palavra nova a cada dia.
12. Mantenha os dedos ou a caneta se movendo.
13. Escreva em diferentesgêneros: postagens de blog, poemas, histórias curtas, ensaios.
14. Leia livros de gramática.
15. Escreva sem distrações.
16. Desafie você mesmo: escreva em um café lotado, nobanheiro, escreva por 24 horas seguidas.
17. Viaje. De carro, para a praia, de ônibus, de avião.
18. Assista filmes. Você pode escrever melhor aquela história?
19.Escreva. Aí, escreva mais um pouco.
20. Leia,pense, leia, escreva, pondere,escreva- e leia um pouco mais.
21. Leia alto o que escrever para qualquer um que aguentar -inclusive o gato.
22. Volte para trás e corte 10% das palavras que você escreveu
23. Fale com as pessoas.
24. Escute como as pessoas falam.
25. Leia muitos livros. Tanto os bons como os ruins.
26. Anote suas idéias brilhantes (e que desaparecem).
27. Comece a escrever com antecedência-não horas antes de um prazo se esgotar.
28. Escute podcasts com dicas literárias.
29. Use sentenças simples e claras.
30. Evite a voz passiva.
31. Limite seu uso de adjetivos e advérbios.
32. Quando eu dúvida, corte fora.
 33. Mate as sentenças desajeitadas.
34. Inspire-se por outras formas de arte- música, dança, escultura,pintura.
35. Leia suas coisas antigas e perceba quão longe você chegou - e quão longe ainda precisa ir.
36. Escreva para publicar, mesmo se for uma publicação local ou um pequeno blog.
37. Faça de escrever sua prioridade pela manhã.
38. Continue espremendo palavras mesmo quando se sentir sem inspiração.
39. Diga para todo mundo: "Eu sou escritor"
40. Reconheça seus medos e supere-os.
41. Deixe seus artigos descansarem e então retorne a eles com olhos novos.
42. Comente em seus blogs favoritos.
43. Mantenha um diário para ter o suco criativo escorrendo.
44. Use um diário para anotar pensamentos e sensações.
45. Mantenha isso simples.
46. Pratique se concentrar em uma só tarefa. Programe um timer para escreversem interrupções.
47. Observe as pessoas.
48. Vá conhecer alguém diferente de você e reflita na experiência.
49. Tente novas idéias e hobbies- quanto maior a variedade em sua vida, maiores as possibilidades para continuar gerando boas idéias na página.
50. Leia trabalhos de diferentes culturas. Isso ajuda a evitar que sua escrita soe obsoleta na boca de seus leitores.
51. Repense o que é "normal".
52. Trabalhe em chamadas brilhantes.
53. Cheque se aquilo que você presumiu está certo.
54. Junte-se a um grupo de escrita. E se não conseguir encontrar um, forme um.
55. Escreva durante suas horas mais produtivas do dia.
56. Separe tempo para pesquisa.
57. Crie um tempo para refletir e fazer mapas mentais.
58. Faça um cronograma do seu projeto e se atenha a ele.
59. Peça para outra pessoa revisar.
60. Leia  “On Writing Well” de Zinssen pelo menos uma vez por ano.(n d t- não faço idéia como seja)
61. Saia de sua zona de conforto.
62. Escreva em cena. Se pretende escrever sobre umapraia, pegue uma toalha e vá escrever ao lado do mar.
63. Váao supermercado, ao jogo no estádio, na classe, na construção. Faça anotações de detalhes sensíveis, atmosfera, pessoas.
64. Comece com metáforas e fabulações.
65. Aproxime-se da escrita com gratidão, nãocom uma atitude de "eu tenho que fazer isso".
66. Desconstrua e analise livros e artigos que você realmente gosta.
67. Conheça arquitetura histórica. Muitos escritores não fazem isso. O que é como fazer cirurgia cardíaca ou pilotar um avião de carreira por intuição. As taxas de sobrevivência são baixas.
68. Socialize com outros escritores.
69. Alongue ou exercite-se nos intervalos de escrita.
70. Anote idéias do desenvolvimento do que pretende escrever antes de parar para continuar amanhã.
71.Use mapas mentais como inspiração.
72. Corra riscos - não tenha medo de chocar. Você não é quem você pensa que é.
73. [Adicione aqui suas próprias sugestões]



(ilustração- "vida de escritor" de Kayla "@seetheduck"  retirado do deviantart dela)

Bem vindos!

Eu sei que é chato ouvir que seu trabalho não está bom o suficiente. Cara, eu sou péssima escritora, uma desenhista abominável e uma gravurista medíocre. Mas eu gosto de todas essas coisas. Então, tento melhorar. Escrevo mais,desenho mais, faço exercícios de criatividade, leio montes de coisas na internet e em livros.

Ninguém nasceu sabendo. Dom é um mito. É tudo uma questão de entrega,domínio de técnica e um pouco de sorte.  Você pode não virar um gênio ou um best seller,mas pode fazer direito.

Então eu decidi começar a traduzir algumas coisas legais que encontro pela net, dicas e citações sobre literatura.

Sobre como melhorar nossa escrita.

E ai tive a idéia, nada genial, de chamar algumas pessoas para escreverem aqui tbm. Vamos ver se eles topam...


E sejam bem vindos a esta gambiarra literária...